Argumentação Dedutiva

Os filósofos frequentemente fundamentam suas ideias através de argumentos lógicos. Essas argumentos podem ser dedutivos ou indutivos.

Nem tudo o que você ouve, lê e sente é atribuído de verdade. Separar a verdade do erro é a busca de todo homem - e de todo filosofo. Há informações que nos chegam que são completamente estranhas e ridículas - outras que fazem muito sentido. O exercício, muitas vezes inconsciente, de separar o que é razoável do que não é, advém através da razão.

Razão é a construção de argumentos que justificam uma crença ou identificam uma insensatez.

Argumentação Dedutiva
Talvez a maneira mais óbvia de mostrar que uma afirmação é razoável reproduzir um raciocínio sólido para apoiá-la. Faz-se isso indicando uma ou mais premissas, que resultam numa conclusão. As premissas devem conduzir e sustentar racionalmente a conclusão.

Exemplo:
Premissa 1: Lucas é um ser humano
Premissa 2: Todos os seres humanos têm cérebro
Conclusão: Lucas tem cérebro

Se todas as premissas levarem, de modo lógico, até a conclusão, diremos que trata-se de um raciocínio válido. O raciocínio do exemplo acima é válido. Diferente seria se após verificar as premissas a conclusão fosse "Lucas não tem cérebro". Assim, se as premissas são verdadeiras necessariamente a conclusão também deve ser verdadeira. Alguém que afirme as premissas, mas nege conclusão se encontra em uma contradição lógica.

Porém nem sempre um raciocínio dedutivo acarreta a uma conclusão verdadeira. Às vezes, o raciocínio dedutivo será perfeitamente válido, isto é, lógico - mas a conclusão será uma falsidade -  porque uma ou mais das premissas usadas para construir o raciocínio são falsas.

Exemplo:
Premissa 1: Lucas esta vivo.
Premissa 2: Todos os seres vivos moram no Brasil.
Conclusão: Lucas mora no Brasil.

O raciocínio esta perfeitamente válido: pois a conclusão é resultado lógico das premissas. Mas a conclusão é falsa, afinal a premissa 2 é falsa.

Para evitar esse erro é preciso assegurar ao máximo duas coisas: o argumento deve ser válido e as premissas verdadeiras.

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 Em termos teológicos podemos utilizar argumentos dedutivos para chegar a um conhecimento maior. Por exemplo:

Premissa 1: Todos os homens e mulheres são filhos e filhas de Deus.
Premissa 2: Você é um homem ou uma mulher
Conclusão:  Você é um filho ou uma filha de Deus

Também podemos procurar desconstruir argumentos e analisar suas premissas. Olhe só:

Argumento: o Senhor fala. Exemplo: "E disse o Senhor" (II Reis 23:27).

Premissa 1: Existe "Senhor"
Premissa 2: O "Senhor" é capaz de falar
                   Premissa 2 A: Falar pressupõem a ação de dizer algo
Premissa 3: O "Senhor" é capaz de falar com alguém
                   Premissa 3 A: Normalmente quem fala, dirige-se a alguém
Premissa 4: O "Senhor" é capaz de falar com alguém sobre algo
                    Premissa 4 A: Quem fala, diz algo (repetição da péssima 2 A)

E podemos prosseguir (somando um novo argumento)

Premissa 5: Você é alguém
Premissa 6: Você é alguém provavelmente capaz de ouvir
Premissa 7: Você é alguém provavelmente capaz de ouvir algo

Assim teremos como resultado:

Conclusão:  O Senhor fala - e Ele pode falar com você, mas somente se fores capaz de ouvir, ouvir algo

Esse argumento teológico dedutivo tem suas três primeiras premissas construídas a partir do texto de II Reis 23:27. As premissas 5, 6 e 7 advém de um conhecimento metafísico. Perceba, porém, que todas as premissas levam em consideração algum conhecimento pretérito e o reconhecimento de que esse conhecimento é verdadeiro. Todas as premissas podem ser colocadas em questão - pelo menos é o que pensava Descartes. Ele disse: "Se buscas realmente a verdade, deves ao menos uma vez em tua vida duvidar, tanto quanto possível, de todas as coisas." (Discurso do Método). Porém, em sua jornada pela verdade, ele concluiu que "as coisas que concebemos muito clara e distintamente são todas verdadeiras." Mais adiante, partindo da noção de que era impossível duvidar da própria existência, ele concluiu que existe um tipo de conhecimento inegável: "quer eu esteja desperto ou dormindo, dois mais três são cinco." Ele também concluiu que, além do conhecimento geométrico e da própria existência, a realidade de Deus não podia ser negada. Vamos estudar mais sobre Descartes e suas ideias posteriormente. Porém sua ideia chave é necessária para aceitar os argumentos acima. Uma pessoa completamente cética não avança nas premissas. É preciso uma base para galgar para uma conclusão.

Também o significado das palavras e a mensagem que captamos através delas podem variar. Mas também vamos conversar disso posteriormente.

No momento fiquemos com as explicações dadas!

Até a próxima!







Vídeo: Tales e os filósofos de Mileto




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Escola de Mileto

Mileto, que fica próximo à costa da Anatólia (na moderna Turquia) foi o lar dos primeiros filósofos, que são chamados de filósofos pré-socráticos. Eles são três (E você que esta em dúvida em qual nome dar para o seu filho preste bem atenção neles!): Tales, Anaximandro e Anaxímenes.

Os povos da península grega, haviam acabado de estabelecer um grupo de cidades-estados, desenvolveram um sistema de escrita alfabético, e em seguida, a princípios da filosofia ocidental. Essa filosofia se compunha de uma abordagem racional que excluía, ao menos em parte, explicações místicas.

Tales de Mileto (624-546 aC). Tales é considerado o primeiro filósofo do ocidente e o pai da ciência. Ele e os pensadores milésios que o seguiram foram os primeiros a buscar explicações naturalistas para os fenômenos em vez de apelar para ações de Deuses antropomórficos.

Nenhum dos escritos de Tales sobreviveu (se é que ele escreveu alguma coisa!). Recorremos a outros escritores para descobrir um pouco sobre esse pensador e suas ideias. Aristóteles e Diógenes Laércio mencionam Tales em suas obras. Entretanto, Aristóteles escreveu 200 anos depois da morte de Tales, e Laércio viveu nos século III d.C.

Assim sabemos pouco sobre Tales, mas segundo as lendas Tales teria liderado a colônia grega de Mileto. Ele teria se envolvido bastante na política. Segundo algumas fontes ele teria viajado muito pelo mundo, recolhendo ideias de várias culturas, como da Babilônia e do Egito. Reza a lenda que ele introduziu a Geometria na Grécia, após aprende-la com os egípcios. A cosmologia de Tales certamente remonta a crença egípcia de que a Terra flutua na água.

Dizem que Tales certa vez utilizou seu conhecimento em astronomia para prever uma boa colheita de azeitonas. Ele comprou todas as prensas de azeitonas locais e lucrou muito alugando-as para plantadores, para atender a grande demanda. Segundo o historiador Heródoto, Tales foi capaz de prever um eclipse do Sol (que ocorreu em 585 a.C.)

Diógenes Laércio descreve ainda que Tales determinou a altura das pirâmides do Egito mentindo sua própria sombra. Ele também seria capaz de mensurar a distância entre os navios no mar e à costa.

As ideias de Tales. Tales precisava estabelecer um princípio a partir do qual trabalharia então formulou a seguinte pergunta: Qual é a matéria prima básica do Universo?
A ideia de que tudo no cosmos pode ser reduzido basicamente uma única substância forma a teoria monista. E Tales e seus seguidores foram os primeiros a propor isso dentro da filosofia ocidental. Vamos estudar mais para frente outros filósofos que também tinham uma abordagem monista (ou parcialmente monista) – como Heráclito, Parmênides, Espinosa, George Berkeley, Hegel, etc.

Para Tales de Mileto a matéria-prima básica do universo tinha de ser algo a partir do qual tudo o mais pudesse ser formado. Tinha ainda de ser essencial à vida, capaz de movimento, e portanto, de mudança. Ele verificou que a água era necessária para sustentar todas as formas de vida e que ela se movia ou se modificava, assumindo, inclusive, várias formas: havia água sólida, água liquida e água gasosa. Tales concluiu que toda matéria, independentemente de suas aparentes propriedades, deveriam ter água em algum estágio de transformação. Ele também percebeu que toda a massa de terra parecia chegar ao fim a beira da água. Portanto, deduziu, todo o conjunto da terra flutua sobre uma base de água! Quando há ondulações nas águas que estão debaixo da terra, ocorrem os terremotos.

Anaximandro (610-546 aC). O discípulo de Tales concordava com o mestre de que deveria haver um único elemento que compunha tudo. Porém, ele dizia que o elemento original era substância indefinida e ilimitada denominada “apeíron”, que significa indefinido. Era a partir disso que os opostos como seco e molhado, frio e quente, separavam-se um do outro. Anaximandro é o primeiro filósofo que conhecemos que deixou trabalhos escritos. Ele também desafiou a sugestão de Tales de que a Terra era sustentada por um mar. Para ele, se fosse assim, o mar deveria ser sustentado por alguma outra coisa. E como não havia evidencia disso, ele preferia pensar que a Terra era um objeto pairando no espaço.
Atribui-se a Anaximandro a criação do primeiro mapa do mundo.

Anaxímenes (585-528 aC). Tal como seus antecessores, Anaxímenes buscava um material fundamental a partir do qual o universo teria sido feito. Ele optou pelo ar. Assim como o ar dá vida ao corpo humano há um tipo de ar que dá vida ao Cosmos. Acho que ninguém acredita nisso hoje em dia. Mas Anaxímenes foi o primeiro pensador, de que se tem notícia, a usar evidência observada para sustentar suas idéias. Ele verificou que ao assoprar com os lábios franzidos produzia frio, ao assoprar com os lábios relaxados produzia ar quente. Ele argumentou que, por consequência, quando algo condensa, esfria, quanto expande, aquece. Do mesmo modo, quando o ar condensa torna-se visível primeiro como nevoa, depois como chuva, e por fim, ele acreditava, como rocha, dando assim origem a tudo que existe. Dizem que foi professor de Pitágoras.